Ovar, Praia do Furadouro
As férias não são os lugares. São as gentes, as mais comuns, as insólitas, as conhecidas lá da terra, as desconhecidas de outras línguas. Não é a praia ou a serra ou a cidade. É quem nos acompanha, quem se cruza por nós, quem trabalha.
Há uma desmistificação do Homem quando analisado durante as suas férias. Há a saúde mental nos seus actos mais anormais. Há o Sol enchendo de vida as vidas. Desaparece o resto.
Aquele resto onde o Sol não se atreve a tocar, onde a música é uma badalada antes da morte, onde os segundos contam rápido e não se esticam com o calor.
Vê, nas tantas pessoas dos tantos lugares: há uma incoerência orquestrada a parecer coerente. E todos se esforçam para isso. Todos lutam para a materialização da sua felicidade.
Olha para mim e vê-me de aparente alegria, suportando o peso de ser a todo o tempo.
Sérgio Santos
Ovar, Praia do Furadouro
26 de Agosto de 2009
domingo, 30 de agosto de 2009
24 de Agosto de 2009
Nogueira do Cravo
Viajo à terra dos meus sonhos mais íntimos, à terra das faces queridas e ruas históricas.
Recordo os primeiros anos que descobri o mundo fora das sete paredes do meu quarto e que o partilhei em conversas e vivências que moldaram toda a minha existência. Escadarias, bancos, Rua da Insónia e Árvore 25... os lugares que mudaram, os que já não são. As paisagens que, como a minha, cresceram justamente. O tempo tudo torna em cinza.
Vem a chuva do Verão fortalecer-me na terra onde me plantei em segredo. Vem, atentamente, o Sol às folhas alimentar-me.
Estou feito com a terra que me pariu, numa adolescência feliz a mente formada.
Vento, frio, traz-me o sabor de outras raças e outros tempos. Sente nas minhas mãos a indisciplina que te aprende a falar.
Faz-me, também, vento noutro tempo.
Sérgio Santos
Nogueira do Cravo
24 de Agosto de 2009
Viajo à terra dos meus sonhos mais íntimos, à terra das faces queridas e ruas históricas.
Recordo os primeiros anos que descobri o mundo fora das sete paredes do meu quarto e que o partilhei em conversas e vivências que moldaram toda a minha existência. Escadarias, bancos, Rua da Insónia e Árvore 25... os lugares que mudaram, os que já não são. As paisagens que, como a minha, cresceram justamente. O tempo tudo torna em cinza.
Vem a chuva do Verão fortalecer-me na terra onde me plantei em segredo. Vem, atentamente, o Sol às folhas alimentar-me.
Estou feito com a terra que me pariu, numa adolescência feliz a mente formada.
Vento, frio, traz-me o sabor de outras raças e outros tempos. Sente nas minhas mãos a indisciplina que te aprende a falar.
Faz-me, também, vento noutro tempo.
Sérgio Santos
Nogueira do Cravo
24 de Agosto de 2009
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
10 de Agosto de 2009
Guarda, Covilhã e Penhas da Saúde
Este interior é místico, o meu Portugal mais saboroso e de vista graciosa. As grandes cidade estão desejosas por crescer mais e são já tão velhas.
Da viagem até lá surgem as paisagens mais simpáticas. Um verde vasto, igrejas e capelas altas a cada povoado. São estas as pontes naturais que caem na graça de quem sou. São estas palavras e fotografias que me alimentam de esperança pelo Portugal que não posso esquecer.
Guarda encerra os tantos caminhos antigos. A sua Sé gótica só por fora me encantou. Estava fechada nas portas e no terreno por casas com histórias por contar (ou por saber) e uma praça aberta que de tal contraste me provocou dores. E foi nessa praça que o café se deitou sobre o cigarro. E foi nessa praça que vi, da esplanada, a Sé como vizinha e me recordei do tempo que passava a escrever.
Na Covilhã as gentes e a geografia e a UBI e a força do Sol e a altitude que vive em precipício. De um cidade em tempo tão industrializada restam agora essas paredes a revestir a universidade dos argumentos práticos. As ruas e rotas desta pequena cidade não me fizeram ir longe mas antes pude voar pelos degraus que a escalavam e surgiu a graça da cidade miniatura, das gentes pequenas.
Mas só acima da Covilhã, a 1200 metros de a(l)titude, é que me curei. Um Sanatório em que procurei me encontrar, naquelas Penhas da Saúde. Com a vista surreal de um castelo na sua torre mais alta, com a natureza envolvente das pacíficas margens de Avalon. Tinham saído já os cheiros voluptuosos, as luzes graciosas. Pareciam ter ficado somente os restos mortais do que foi curado, moscas a envolver paredes inteiras com ruídos macabros. Nas fotografias as provas.
Sérgio Santos
São João da Madeira
12 de Agosto de 2009
Este interior é místico, o meu Portugal mais saboroso e de vista graciosa. As grandes cidade estão desejosas por crescer mais e são já tão velhas.
Da viagem até lá surgem as paisagens mais simpáticas. Um verde vasto, igrejas e capelas altas a cada povoado. São estas as pontes naturais que caem na graça de quem sou. São estas palavras e fotografias que me alimentam de esperança pelo Portugal que não posso esquecer.
Guarda encerra os tantos caminhos antigos. A sua Sé gótica só por fora me encantou. Estava fechada nas portas e no terreno por casas com histórias por contar (ou por saber) e uma praça aberta que de tal contraste me provocou dores. E foi nessa praça que o café se deitou sobre o cigarro. E foi nessa praça que vi, da esplanada, a Sé como vizinha e me recordei do tempo que passava a escrever.
Na Covilhã as gentes e a geografia e a UBI e a força do Sol e a altitude que vive em precipício. De um cidade em tempo tão industrializada restam agora essas paredes a revestir a universidade dos argumentos práticos. As ruas e rotas desta pequena cidade não me fizeram ir longe mas antes pude voar pelos degraus que a escalavam e surgiu a graça da cidade miniatura, das gentes pequenas.
Mas só acima da Covilhã, a 1200 metros de a(l)titude, é que me curei. Um Sanatório em que procurei me encontrar, naquelas Penhas da Saúde. Com a vista surreal de um castelo na sua torre mais alta, com a natureza envolvente das pacíficas margens de Avalon. Tinham saído já os cheiros voluptuosos, as luzes graciosas. Pareciam ter ficado somente os restos mortais do que foi curado, moscas a envolver paredes inteiras com ruídos macabros. Nas fotografias as provas.
Sérgio Santos
São João da Madeira
12 de Agosto de 2009
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